Imaginamos que estamos preparados para muitas coisas na vida, todavia, nem sempre a realidade é esta. Como escrevo há dez anos achei que não me faltariam palavras para a abertura do meu Blog. Ledo engano. Escrever para o momento tão importante no qual o escritor, até então desconhecido, passa a ser figura pública, notória, não é tarefa nada fácil. Quando se tem a responsabilidade pessoal de escrever para um evento, para o público em geral, torna-se difícil expressar o que se sente. O nervosismo e uma ilusória insegurança nos pega de proa. Até chegar à concepção do Blog foram percorridos muitos caminhos tortuosos e agônicos. Deparei-me com muitos dilemas, nos quais a escolha sempre foi continuar escrevendo. Escrever para muitos, até para escritores consagrados, é um martírio. Entretanto, para mim sempre foi um prazer, uma alegria, uma satisfação, desde menino. De tudo que se aprende e estuda nos bancos escolares, apenas a leitura e a escrita nos acompanham até os últimos dias de vida. E quando aprendi a ler e, principalmente, a escrever não imaginei que este aprendizado traria tamanha alegria à minha alma, à minha existência. Escrever é uma forma de revelar aquilo que pensamos, de como vemos a vida e as pessoas que fazem o mundo existir. Escrever é comunicar, através de personagens e situações, fatos que nos foram apresentados pelo mundo real e por seres que nos rodeiam, seja nos jornais, revistas, domínio público ou simplesmente tornar verossímeis vidas e fatos fictícios. Escrever é viver mil vidas em uma única vida. É viver através dos personagens criados vidas diversas, permeadas de alegrias, paixões, angústias, peripécias e dissabores. É aproveitar uma notícia do jornal ou um fato que se presenciou e criar toda uma história de amor, aventura ou tragédia. Escrever é compartilhar visões que nos pertencem com aqueles que desconhecemos e que desejamos que passem a conhecer. É materializar o fictício, o virtual, naquilo que impregnará o papel real ou virtual (a tela do monitor) e logo que for lido o deixará e passará a existir dentro da mente e do coração do leitor.
Iniciei minha carreira literária pelas redações escolares. A mente estava ali, pulsando em ideias e bastava colocá-las no papel. Mas não foi muito fácil como me parecia. O conteúdo era bom, mas o estilo era ruim, falho. Nunca recebi incentivo de ninguém para escrever. Foi o prazer, a satisfação e a responsabilidade social que surgiu ao longo de minha vida que me levou a dedicar-me à escrita. E passei muito tempo escrevendo redações, pequenas e medíocres narrativas, pensamentos avulsos. Muitos erros, muitos acertos. Depois dos textos irrelevantes que escrevi, veio a oportunidade (que chamo de tempo) de escrever. Os primeiros romances foram ruins, inverossímeis. A perseverança, a dedicação, o aprendizado das técnicas e o prazer foram associados à vocação e acabaram por conduzir-me ao caminho certo. Dos romances (que muito melhoraram) enveredei pelas crônicas e depois de relutar (confesso que tive medo em começar a escrever contos, pois demandam uma técnica totalmente diferente daquela exigida na construção do romance) tornei-me um contista. Hoje acho interessante que aquilo que mais evitei em fazer (escrever contos) foi o que mais me aproximou da satisfação plena, da possível sublimidade. A leitura, contínua ou esporádica, de tudo que passar diante dos olhos, bem como a escrita, são os ingredientes fundamentais para aqueles que desejam escrever bem. A descoberta deste princípio é fundamental na ascensão de um escritor. O estilo, a beleza estética, a riqueza de conteúdo, a profundidade emocional, o primor foram adquiridos na perseverança, na busca inatingível da perfeição. Escrever bem não é somente dominar a língua portuguesa e ter boas idéias. Exige algo visceral, complexo, uma essência que deve permear a alma do escritor, que até para mim é difícil traduzir nestas poucas linhas. E como disse uma pessoa que não fazia parte do meu círculo de relacionamentos, depois de ler um artigo que não sabia que era meu: “Quem escreveu, escreve bem, tem vocação para a coisa...”. E sem inchar-me de orgulho ou soberba, qualidades que não possuo, mas acredito que o prazer e o pendor levam o indivíduo a excelência. Quer escrever bem? Não tem vocação? Escreva, escreva o máximo que puder e, na mesma proporção, leia tudo o que puder. Num momento irá descobrir sua voz e através dela manifestará a primazia que o tornará um verdadeiro literato.
O destino decidiu que até hoje eu seja um escritor desconhecido, ou como alguns denominam de “escritor inédito”, que escreve, escreve, mas não consegue publicar seus trabalhos. Mas isso não me frustra na medida em que posso, agora, pelo instituto da Internet, “publicar” minhas produções literárias. É com prazer que passo a compartilhar com aqueles que visitam meu Blog meus pensamentos, minhas idéias, minhas narrativas.
Boas leituras, bom entretenimento, paz de espírito e felicidade a todos.

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"A literatura insinua e coloca questões muito mais do que as responde ou resolve."
-------------------Milton Hatoum, escritor brasileiro
-------------------Milton Hatoum, escritor brasileiro
segunda-feira, 12 de outubro de 2009
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