Somos obra-prima de ser maravilhoso, superior, inigualável, cujo poder criador desconhece fronteiras. A nós foi dado relativo poder através da inteligência e não da força, sendo esta de natureza e grandeza insignificantes perante aquela. A inteligência é para o homem a ferramenta incomensurável que lhe permite controlar seu destino. Com ela, é capaz de quase tudo fazer, até mesmo promover sua autodestruição. Sem ela, retorna e perde-se nas trevas pré-históricas, aproximando-se dos seres irracionais, tornando-se semelhante em selvageria e estagnação, distinguindo-se deles apenas na aparência. E no momento que passamos a ter consciência do que realmente somos, de nossa unidade e importância neste mundo que nos foi dado com o ônus apenas de preservá-lo, entramos em sintonia com ele. E neste instante percebemos a ação grandiosa dos quatro elementos.
Água, com sua inexplicável fluidez e incomparável transparência, quando gota exerce inusitada atração em nosso olhar, em nosso íntimo. Afinal, segundo a ciência, ela compõe grande parte do que somos, daí a atração e irmandade que existe entre nós e este maravilhoso elemento. Limpa, purifica, higieniza, sacia a sede, alimenta até vazios estômagos. Quando torrente, quando em grande volume, é dotada de força incomparável, arrastando tudo que encontra em seu avançar devastador, arrasando, destruindo, vidas, edificações, veículos, cessando sua fúria incontida somente quando é diluída. Mas nem tudo é destruição para a água. Em seu correr, lapida margens, pedras, elevações, criando leitos, formas pétreas e gigantes montes que cobertos pelo tranquilizante verde, pela eterna neve, ou simplesmente nus, criam paisagens fantásticas e instigantes.
Terra, figura quantiosa de natureza complexa e vasta, que não só compõe o planeta que nos acolheu desde os primórdios, mas que em visão bíblica forneceu argamassa para modelar as formas que adquirimos. No tornear das águas revoltas e brutais, adquire curvas e formas que favorecem ou dificultam o viver do homem. Ora é colina, ora é vertente. Num instante é caverna, buraco, em outro é montanha, pico. Dela o homem retira tudo para criar, do alfinete que produz suas roupas ao foguete que lhe permite conhecer outros mundos. Usada em simples mistura química permite entrelaçar estruturas e erguer arranha-céus, bem como moradias pequenas e aconchegantes que abrigam seu corpo frágil. Das profundezas de seu ventre eviscera o alimento saboroso, o sustento que dá vida ao homem e aos animais.
Fogo, elemento de grande poder de transformação, cisalhamento, destruição. Com suas sinuosas lâminas douradas e flamejantes transforma os metais dando-lhes forma e cor segundo a vontade de quem os manipula. Quanto aos homens, o domínio de intenso elemento proporciona-lhes a tresloucada sensação de poder, de controle sobre todos os demais. Capaz de romper aquilo que anteriormente estava unido, faz medrar até o mais valente do seres. Em ação exterminadora, consegue dizimar tudo que se antepõe a sua propagação. Em sua presença as trevas fraquejam, reduzem-se e fogem, baldeando-se para recantos mais obscuros a fim de revigorar-se.
Ar, ar, ar que alimenta pulmões, que corre sob a pele, que faz viver, que gera energia nos corpos mais esquálidos. Seres dele necessitam, dele se ressentem em sua ausência. Sem ele e seus componentes, o fogo não sobrevive, é força natimorta. Sem ele não há vida, não há excitação para o movimento, não há oportunidade de vigência.
No fazer humano, não há como prescindir de elementos tão esplendorosos, que tornam a vida possível. Silentes arquitetos, que com suas peculiaridades e poderio, configuram o mundo que nos rodeia, que nos fascina, que nos emociona, que nos faz pequenos diante de tão nobre existência.
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