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-------------------Milton Hatoum, escritor brasileiro



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quinta-feira, 6 de maio de 2010

A PEDOFILIA NA IGREJA CATÓLICA (II)

Em relação aos escândalos de pedofilia nos EUA, o Papa Bento XVI chegou a afirmar que seriam consequência da ruptura de valores da sociedade americana. Mas os escândalos não ocorreram somente nos EUA. Como o pontífice explicaria e justifica os demais escândalos acontecidos em vários países, inclusive no Brasil, como é o caso de Arapiraca, em Alagoas? Uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) que apura denúncias de pedofilia perpetradas por padres na cidade Arapiraca (AL) determinou a prisão de cinco pessoas após sessão pública de seus trabalhos. O padre Edílson Duarte, envolvido nas denúncias, delatou os monsenhores Luiz Marques Barbosa e Raimundo Gomes em troca de redução de sua pena. Os padres pedófilos foram denunciados por suas vítimas, ex-coroinhas que tiveram suas vidas destroçadas pelos indignos. O que deu amplitude aos escândalos foi o programa Conexão Repórter, conduzido por Roberto Cabrini, cujas filmagens auxiliaram a CPI na apuração e prisão dos envolvidos. A polícia civil encontrou na casa do monsenhor Barbosa, de 83 anos de idade, passagens de avião, bebidas alcoólicas e cremes íntimos. O tiro de misericórdia na impunidade destes padres pedófilos foi a denúncia dos mesmos por suas vítimas através de um vídeo entregue a equipe de reportagem do programa Conexão Repórter. Nele, um ex-coroinha aparece mantendo relações sexuais com o monsenhor Barbosa. Veladamente, o fato foi filmado por outro ex-coroinha, que foi vítima do padre aos doze anos de idade. O maior dos sentimentos que moveu a dupla: revolta. Após terem consciência do que sofreram e do estragado causado em suas vidas, foram atrás de justiça. Prepararam uma “emboscada” e numa tarde filmaram a relação consentida do pedófilo com uma de suas vítimas. O ex-coroinha afirma que os abusos começaram quando ele ainda era um menino. O Vaticano nunca soube de nada, nunca foi informado por sua rede interna de informações do que ocorria em dioceses e paróquias distantes? Nunca informou o Papa que abusos sexuais ocorriam no interior da igreja católica?

Segundo fontes midiáticas, o próprio Papa foi encarregado de ocultar os casos de pedofilia dentro da igreja, além de se manter silenciado a respeito durante sua primeira visita aos EUA. Como já relatei, possivelmente uma das razões que o levaram a agir desta maneira foram fatos vivenciados no passado, em companhia de seu pai. Entretanto, Ratzinger-pai agiu em prol de uma causa nobre, defendendo elementos do clero de um regime iníquo, sanguinário, fato que não ocorre atualmente. O Papa Bento XVI não teria confundindo erroneamente a opinião pública mundial com o regime nazista?

Voltemos à Europa. O silêncio da igreja católica em torno de novos casos de pedofilia na Alemanha, Áustria, Holanda e Suíça, põe o Vaticano na linha de mira. Coloca-o numa situação muito delicada, que leva a opinião pública a crer em sua cumplicidade e responsabilidade pelo encobrimento dos abusos sexuais cometidos. A credibilidade da igreja está mundialmente muito abalada pelas várias denúncias de abuso sexual e pelo fato de seus líderes terem conhecimento factual e por encobrirem tais crimes. Sem que haja necessidade de usarmos uma lente de aumento verificamos que a situação se agrava quando voltamos nossas vistas para a Alemanha, berço de Joseph Ratzinger.

Padres alemães estão sendo acusados de terem espancado e abusado sexualmente de garotos há décadas, em três instituições da Bavária, região no sul do país onde nasceu o Papa Bento XVI. Uma das instituições é um coro que já foi liderado pelo irmão do atual pontífice. O reverendo Georg Ratzinger, de 86 anos de idade, irmão do papa e que liderou o coro de 1964 a 19994 disse desconhecer os abusos revelados. Ele certamente observou e presenciou a ajuda e proteção dadas por seu pai a padres católicos hostis ao regime nazista. Não estaria ele agindo da mesma maneira, como seu irmão, protegendo seus pares, diante da “forca” pendente no cenário internacional? E a gravidade da situação não para por aí.

Thomas Pfister é um advogado que investiga acusações de espancamento e abusos sexuais cometidos décadas atrás contra centenas de meninos na escola do monastério beneditino de Ettal, na Alemanha. Segundo o advogado foi jogado um manto de silêncio sobre as acusações. O reverendo Johannes Bauer, atual tesoureiro do monastério de Ettal admitiu ter espancado alunos enquanto professor na escola, de 1985 a 1997. Causa espanto e indignação, a qualquer um, quando um padre assume sua culpa, seu erro na forma mais bizarra possível, quando jamais deveria assim agir, com violência e impiedade com menores de idade. Outra instituição, a ordem dos capuchinhos de Burghausen, também na Alemanha, reconheceu que um ex-diretor da escola abusou sexualmente de meninos entre 1984 a 1985. Os casos foram investigados em 1991, mas a única providência tomada foi a transferência do padre.

O Papa Bento XVI disse ter ficado “perturbado” com os abusos sexuais contra menores cometidos por padres na Alemanha. “Perturbado”?! Apenas “perturbado”?! Como pode o pontífice dizer que ficou apenas perturbado com um fato de natureza tão grave? Estes padres, se assim podemos chamá-los, destroçaram a mente e a vida de crianças que se tornaram adultos. O Papa deve deixar de agir com naturalidade em seus pronunciamentos e visitas, ignorando casos de pedofilia na igreja, considerando-os como se fossem um “pequeno” percalço no caminhar dos fiéis e da instituição. Ele esqueceu que, como chefe-supremo da igreja, deveria tomar providências e atitudes mais do que enérgicas para punir e esterilizar a instituição destes indivíduos pedófilos? É abominável, é sórdido, é repulsivo, não a opção sexual destes homens, ela interessa única e exclusivamente a eles, mas sim sua conduta delinqüente em relação a crianças, a menores de idade cuja guarda e segurança lhes foram confiadas por seus pais quando acreditavam que eles eram arautos da palavra do Senhor. A igreja católica deve ser transparente em sua justiça, tão bem ensinada pelo Senhor da História, que é Jesus Cristo. Deve apurar e punir os responsáveis por estes crimes, para separá-los daqueles que bem representam a instituição e seus princípios. Caso assim não proceda, estará conivente neste hediondo crime que atualmente assombra toda a sociedade: a pedofilia.

Como estava escrito na camiseta de um dos ex-coroinhas de Arapiraca-AL: “Todos contra a pedofilia.”. E é assim que toda a sociedade deve agir e pensar, não permitindo que influenciem e mudem a opção sexual de nossas crianças. Deixem que elas, quando adultas, escolham a orientação ou opção sexual que desejem seguir e não que lhes seja imposto quando ainda imaturas e inocentes, sem qualquer meio de defesa.

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