Seja bem vindo

"A literatura insinua e coloca questões muito mais do que as responde ou resolve."

-------------------Milton Hatoum, escritor brasileiro



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quinta-feira, 26 de novembro de 2009

TEREMOS UM FUTURO PROMISSOR?

Se não levarmos a sério toda essa conversa de sustentabilidade do planeta, certamente veremos, ou melhor, nem veremos, pois não estaremos mais aqui para ver, a existência humana tornar-se cenário semelhante ao premonitório filme de Steven Spielberg, lançado em 2001, conhecido como A.I, ou seja, Inteligência Artificial. Seria mais ou menos assim...

Fantástico encontro com a natureza... ciborgs turistas do mundo inteiro vão ao Pantanal Matogrossense para conhecer a mistura singular de seres humanos e vegetação em um ecossistema grandiosamente preservado, apesar da ação predatória dos ciborgs. Em passeios motorizados, de barco e por trilhas bem demarcadas é possível deslumbrar-se com políticos corruptos em fuga, pessoas famintas em busca de alimento, criminosos de alta periculosidade em liberdade condicional, profissionais liberais mendigando emprego, prostitutas em desfile por veredas verdejantes, traficantes em lutas severas com policiais pela posse de territórios de livre comércio e vários outros seres humanos sobrevivendo tranquilamente em seu habitat natural. A época mais adequada para observá-los mais de perto é entre maio e setembro, quando há a seca dos rios e eles ficam mais sedentos e aflitos, saindo das florestas, procurando ficar mais próximos a lagos e riachos. Durante a cheia, de outubro a abril, o lugar se transforma num paraíso para observadores de humanos emigrantes ilegais, particularmente criminosos americanos e europeus, que buscam impunidade na bela paisagem tropical. A aventura pode incluir também agradabilíssimos safáris noturnos, nos quais se dispensam óculos de visão noturna, caso os ciborgs turistas sejam das séries WY9/700 a WS11/1000 – momentos que rendem belas fotografias da paisagem e do homo sapiens em extinção. Outra cena típica e muito interessante da região são modelos de ciborgs fora de linha pilotando motocicletas e tocando os humanos pelo campo, reunindo-os nas cúpulas de conservação, atividade rotineira nas fazendas de preservação. Para Carlos Marconetto, ciborg-diretor operacional da Prensas Hidráulicas de Reciclagem do Estado de São Paulo, que esteve no pantanal com ciborgs amigos, o que mais o impressionou foi “a vida simples dos ciborgs do pantanal, vivendo afastados das grandes metrópoles e não afetados pelos males que elas apresentam, e a conscientização da necessidade de preservar humanos naquela área maravilhosa e singularmente natural. Ele, ainda, recomenda que todos devem visitá-la como aprendizado e experiência de vida”.

A narrativa é ficcional, mas poderá ser verídica, por mais incrível que pareça, talvez em mais um ou dois séculos. A ciência ao longo dos tempos vem avançando em suas descobertas, elevando e melhorando a vida do ser humano em todos os setores, concedendo-lhe melhor qualidade de vida e mais conforto. Seu avançar vem se acelerando graças ao impulso incessante proporcionado pela tecnologia, na qual tem como mola propulsora a computação. Aos poucos, a ideia de se criarem robôs e ciborgs – máquinas que substituam o homem em atividades repetitivas e perigosas – está cada vez mais pertinente no destino do homem, visando preservá-lo, dar-lhe mais e maiores possibilidades e promover-lhe conforto. Seja na indústria, na saúde, nos afazeres domésticos, nos serviços de segurança ou mesmo nos campos de batalha. Esse pensamento não é de todo uma mentira. A realidade ao longo dos tempos foi deturpada, graças ao cinema e à mídia que conseguiram criar erroneamente uma ideia na sociedade do que realmente são robôs e ciborgs, figuras que são diferentes.

Primeiramente, ciborg é um organismo cibernético, ou seja, um organismo dotado de partes orgânicas e mecânicas, no qual as partes mecânicas têm a finalidade de melhorar suas capacidades utilizando tecnologia artificial. Mais elucidativo: seriam seres humanos que utilizam tecnologia cibernética para reparar ou superar deficiências físicas ou mentais em seus corpos. Por exemplo, uma pessoa que possui um membro mecânico a fim de superar uma limitação decorrente de algum acidente. Ela seria um ciborg, parte humana e parte mecânica.

Robô é um dispositivo ou conjunto de dispositivos eletromecânicos capazes de realizar tarefas de maneira autônoma, pré-programada, ou através de controle humano. Normalmente são empregados na realização de tarefas perigosas ou sujas para os seres humanos. Os robôs são mais comumente empregados nas linhas de produção industrial, no tratamento do lixo tóxico, na exploração subaquática e espacial, cirurgias, mineração, busca e resgate, localização de minas terrestres. Também são empregados nas áreas de entretenimento e tarefas domésticas. Um robô totalmente autônomo na realidade tem habilidade de trabalhar por meses ou anos sem nenhuma interferência humana; deslocar-se de um ponto ao outro sem necessidade de navegação humana; evitar situações que são perigosas para o ser humano; coletar informações do ambiente onde se encontra; e reparar-se sem ajuda externa.

Percebe-se que na realidade robô e ciborg são conceitos diferentes, embora de natureza semelhante. E foi desta proximidade que o cinema e a mídia criaram o pensamento que hoje se tornou popular e digamos “verídico”. Mas a ideia, apesar de deturpada, está caminhando de encontro com a evolução da humanidade.

O homem vem destruindo o planeta onde sempre morou e a si mesmo. Desenvolveu a poluição, em suas diversas formas; promove o consumo exagerado, descontrolado, motivado por uma industrialização e por um capitalismo selvagem que ele mesmo estimulou a crescer e não consegue mais controlar; com suas pesquisas científicas desencadeou doenças que se proliferam, difíceis de debelar, que acabam por fazer milhares de vítimas; atua na destruição de valores vegetais e minerais, ato que reflete nos ecossistemas, levando à extinção de espécies; e de forma contundente, sua ação consumista reflete na natureza, ocasionando severas mudanças ambientais, que geram tempestades, tornados, furacões, maremotos, terremotos, inundações, desequilíbrios ambientais causadores de destruição e de milhares de mortes.

O homem admite seu erro, parcialmente, mas não quer assumi-lo, não quer mudar sua conduta para não perecer sobre a própria avareza, sobre sua ganância irrefreável. No momento que se percebeu a tragédia, que ocorre paulatinamente, surgiu uma mentalidade que conhecemos por desenvolvimento sustentável ou apenas sustentabilidade. A sustentabilidade é uma maneira de permitir o provimento das necessidades da geração atual sem comprometer as condições do provimento das gerações futuras. Viver e crescer de forma comedida e planejada, visando preservar a natureza e os ecossistemas, agindo na manutenção indefinida de seus valores. A sustentabilidade se preocupa e luta para que o homem e a natureza não venham a perecer depois de tanto se conquistar, de tanto se construir. Ela luta para que isso não venha a acontecer. E caso a humanidade não mude sua conduta, sua mentalidade e princípios, acabaremos tornando real a ideia ficcional de hoje, de um mundo dominado por máquinas semelhantes fisicamente ao homem, dotadas de inteligência artificial, uma entidade homem-máquina, que poderá vê-lo no futuro como algo inferior, mas importante sob o aspecto da preservação ambiental. Afinal máquinas inteligentes, como o homem, pensarão como, da maneira no futuro. Parece fantasia? Nem tanto assim.

segunda-feira, 23 de novembro de 2009

O SOM DO VENTO

As pessoas que transitavam pelas ruas ou acomodadas no conforto de seus lares mudavam de expressão quando o ruído característico invadia seus ouvidos. A estridência da sirene do carro dos bombeiros que berrava sobre suas cabeças os incomodava mais pela penetração auricular do que pela inevitável lembrança que os chamados homens do fogo estavam em vias de atuar. Para ele, o som estrepitoso não era desconfortável. Fazia parte de seu trabalho. Mas era outro som incomparável que ondulava seu radiante coração. O som do vento. Pendurado na lateral do carro escarlate e prata, contrariando determinações de segurança da corporação, ele apreciava o vento. Ele lhe causava uma sensação excitativa e ao mesmo tempo relaxante, que lhe proporcionava a musicalidade necessária à ação que estava por vir. O som produzido pelo vento encantava-o, levando-o a devanear.

Pensava nos possíveis momentos de ação, de perigo, de aventura real que fariam jorrar adrenalina por todo seu corpo e inundariam seu coração palpitante. Iria ao socorro de algum homem ou criança caído num poço, ou simplesmente agiria na rotineira eliminação de um foco de incêndio que se alastrava e promovia morte e destruição? A curiosidade e ansiedade eram sumo necessário para a dinâmica que se instalava em seu íntimo, desde o instante em que irrompia a chamada de socorro. Mas suas lembranças também o conduziam ao encontro de outro coração, aquele que sempre o aguardava no fim do dia de trabalho. Clarice. Em seis meses se apaixonaram, noivaram e casaram. Um amor febril, profundo, enredado. O lar era uma pequena casa, alugada, com jardim na frente, onde viviam ardorosos momentos de paixão e felicidade. Entretanto, uma apreensão rondava o íntimo da esposa amantíssima, todos os dias. Para ela era inquietante, o momento que o bombeiro deixava o lar e se dirigia para o trabalho: “Ele voltará são e salvo?”

Uma curva brusca realizada pelo motorista diligente desequilibrou Bruno, que se mantinha agarrado a um dos corrimões do carro. O veículo que singrava no trânsito conturbado da cidade aumentou de velocidade e o som do vento aumentou de volume, penetrando mais fundo em seus ouvidos. Ele esboçou um sorriso cintilante, regozijando-se com a eletrizante emoção causada pelo perpassar do vento no rosto e na alma.

Seus olhos azuis logo avistaram a imensa coluna de fumaça que se erguia para o firmamento. Era uma massa de vapores escuros, em matizes acinzentados, que pelo volume e amplitude deveriam ser de um incêndio de graves proporções. O carro de bombeiros chegava à periferia da cidade, alcançando uma grande rotatória. Passara a hora do rush e o movimento de carros se reduzira ainda mais em decorrência da obstrução da estrada. O grande carro vermelho dobrou mais duas ruas e encaminhou-se para uma das pistas de rolamento. Naquele instante, Bruno identificou que a enorme queima não era em uma fábrica ou posto de combustível como julgara anteriormente. Um grande caminhão-tanque envolveu-se num engavetamento de veículos, tombando e capotando numa das vias. Ocorreu o derramamento de combustível e o fogo se espalhou. Todo o caminhão e mais meia-dúzia de veículos ardiam em chamas. Embora jovem, Bruno era um profissional experiente e cauteloso, fato que lhe proporcionava bons resultados nas ações que se envolvia no combate a incêndios ou no salvamento de acidentados.

O carro de bombeiros deixou a pista de rolamento e derrapou na grama do acostamento central. As sirenes de outras unidades do Corpo de Bombeiros começaram a ser ouvidas. O vento que antes deleitava o jovem bombeiro, agora o preocupava porque era fator agravante no combate que estava para se iniciar. Bruno e seus companheiros desembarcaram energicamente, movidos pelo espírito que impulsiona qualquer soldado do fogo: salvar vidas é sua prioridade. Havia outros veículos avariados pelo choque sucessivo que ocorreu. O chefe da equipe, em voz alta, distribuiu as missões a seus homens. Mangueiras, conexões metálicas e outros equipamentos foram retirados do carro e distribuídos. Iniciava-se uma grande e ativa movimentação dos bombeiros. Súbito, para surpresa de Bruno, seu chefe gritou por ele e mudou sua missão inicial, designando-o para retirar um motorista das ferragens de uma caminhonete Cherokee que havia capotado. Sem titubear, ele correu para o veículo que se encontrava afastado algumas dezenas de metros do núcleo incendiário.

Apesar de a caminhonete exalar vapores na região do motor, não apresentava sinais de fogo, mas poderia incendiar-se a qualquer momento, pois havia derramamento de combustível. O veículo muito danificado estava com a lateral tombada na grama e as rodas no ar, voltadas para a direção que Bruno se aproximava. Ele tentou alcançar o motorista pelo lado de fora, mas encontrou dificuldades. Num movimento célere, subiu na carroceria e entrou pela janela do passageiro. Quando já estava dentro da caminhonete, parou de repente, arregalando os olhos. Percebeu que o motorista apontava uma arma para ele.

- Calma, calma – disse o bombeiro. – Eu vim te salvar...

O homem estava preso nas ferragens. Ele tinha os olhos injetados e olhar esgazeado. Porejava muito, no rosto e no torso.

- Eu, eu acabei de roubar esse carro... assaltei a casa de um ricaço...

Ofegante e premido pela tensão do acidente, o assaltante empunhava a arma com firmeza, demonstrando perícia e intimidade com ela.

- Calma, não precisa apontar essa arma para mim... eu vim te ajudar a sair daqui...

Um odor despertou a atenção de Bruno. Ele olhou ao redor. Havia manchas de sangue pelo interior da caminhonete. Partes metálicas do veículo haviam perfurado e se alojado no corpo do assaltante. Ele contraiu o semblante, numa expressão indicativa de dor. O bombeiro esboçou que se aproximaria.

- Se chegar até aqui... te arrebento os miolos... ai...

A dor parecia aumentar.

- Tenha calma... não atire, eu vim te salvar... está vendo – disse Bruno indicando o uniforme que usava. – Eu sou bombeiro, vim te ajudar, não vim te prender, não sou da polícia...

- Mentira!... ai, ai... você deve estar disfarçado... cadê a tua arma? Mostre!

O bombeiro mostrou a palma das luvas que calçava.

- Não estou carregando arma alguma... fique calmo, eu sou bombeiro e vim te ajudar...

Outro odor atraiu a atenção do bombeiro, fazendo inquietar-se. Não eram mais gotas de suor que desciam do cenho, provocadas pela dinâmica dos movimentos, mas gotas produzidas pela tensão que se agravou.

- Tem vazamento de combustível neste carro, se ficarmos aqui nós vamos morrer...

O assaltante, em desdém, sorriu.

- Morrer? O que me importa?

- Não está sentindo o cheiro de gasolina? Eu vim te salvar, é o meu trabalho... deixe eu te ajudar...

O assaltante meneou a cabeça, demonstrando desesperança.

- Morrer... eu já estou morto, mano...

- Você tem família, tem irmãos?

O assaltante ficou pensativo por um segundo. Bruno percebeu que ele perdia sangue, lentamente.

- Meu pai... aquele desgraçado, me batia... foi morto na favela... minha mãe tinha AIDS e também morreu... minha vida é uma m...

- Infelizmente, muitas pessoas não têm a vida que desejam e nem para isso a melhor solução é a morte...

- Mas a minha vida sempre foi uma bosta, desde criança... só quebrei a cabeça, só dei com os burros n’água... acabei na prisão.

O avançar do tempo preocupava o bombeiro, pela iminência de uma explosão.

- Entendo teu sofrimento, penso que nem tudo está terminado quando ainda se tem vida... eu sou bombeiro, veja o uniforme, não sou da polícia, minha missão é salvar vidas e não prender pessoas... deixe que eu te ajude a sair desse carro, ele pode explodir a qualquer momento e se ficarmos aqui iremos explodir com ele...

- Ele tem toda razão.

A voz assustou e surpreendeu os dois homens que estavam no interior do carro. Ela vinha do alto da janela por onde Bruno entrou. Era voz de um policial militar que apontava um revólver para o assaltante.

- Largue a arma – ordenou o policial. – Você não tem chance: ou se entrega deixando que o bombeiro te tire daí ou acaba morrendo... nós não temos tempo a perder...

O assaltante fitou Bruno nos olhos. Em seguida, abaixou o olhar.

- O policial tem razão, o carro pode explodir, deixe que eu te tire daí... depois você decide o que vai fazer da tua vida...

O assaltante abaixou a cabeça e logo depois a arma. O bombeiro avançou e retirou a arma da mão do bandido e entregou-a ao policial.

- Agora, aguente mais um pouco, nós vamos tirar você daí...

Bruno saiu e deparou-se com outros bombeiros que se articulavam em torno do carro tombado. Eles aguardavam o desfecho da situação para iniciarem o resgate. Fora da caminhonete, Bruno sorriu aliviado. Ele voltaria para casa no final do turno, vivo para reencontrar seu grande amor. Salvariam aquele homem em desalento com a própria vida e debelariam o incêndio, para depois retornar para o quartel, para uma nova chamada. Talvez, no retorno, ele gozasse mais uma vez o som do vento.

sexta-feira, 20 de novembro de 2009

A EXTINÇÃO DAS CARTAS E O ADVENTO DO E-MAIL

UM CAFEZINHO E... EU PAGO A PROSA

Este espaço destina-se a aproximar o leitor do blog deste humilde escritor. Nele abordaremos assuntos e fatos que surgem na hora do cafezinho, naquele momento fugidio que nos afastamos do local onde trabalhamos e vamos respirar um pouco de ar puro, longe do chefe e da burocracia que envolve o papel. Será o momento de expor e ouvir opiniões. Vamos prosear.

Na sociedade contemporânea que vivemos não podia acontecer de outra forma. Quando surge uma invenção em substituição a outra, usada por milhões de pessoas, ocorre uma mudança radical de hábitos e procedimentos. Isso aconteceu com o nosso agradável hábito de escrever cartas para namoradas, parentes, amigos e nas relações comerciais que se fazem necessárias. Tudo “por culpa” da aparição da Internet. A rede mundial de computadores veio para praticamente extinguir o hábito, a rotina de nos comunicarmos através de cartas e cartões-postais com entes queridos e amigos. E como era gostoso escrevermos uma bela carta em papel pautado para uma namorada ou um amigo distante, colocarmos num envelope, lacrarmos, dirigirmo-nos aos correios e postarmos nossa mensagem. Era um hábito que eu me regozijei muitas vezes e acredito que o caro leitor também. E receber uma carta? Ah, era uma festa, uma alegria que nos extasiava, que nos enchia de felicidade. Recebíamos notícias, afagos e carícias em nosso ego solitário. Que saudade! Mas tudo que é bom deixa saudade, assim disse alguém que eu não lembro quem foi. Esse prazer saudoso foi “assassinado” sem alardes pelo surgimento do e-mail, que é cria legítima da Internet. Só para sabermos mais um pouco, esse modismo surgiu nos EUA por volta de 1969 (sinceramente, nem eu sabia quando surgiu a Net). A Internet foi batizada inicialmente com o nome de ARPANET e objetivava conectar departamentos de pesquisa americanos. Mas antes dela existia uma rede virtual que interligava os departamentos de pesquisa que trabalhavam em projetos de defesa com as bases militares americanas, que é a origem da atual rede mundial. Ela foi aberta a outras instituições correlatas em 1970 e depois foi, aos poucos, se expandindo. Em 1975 tinha aproximadamente 100 sites. Depois cresceu, cresceu, cresceu e foi aberta ao público geral, chegando aos dias de hoje.

Voltando ao hábito de escrever cartas. Esse aprazível costume mundial, pelo qual muitos de nós manifestávamos nossas alegrias e angústias, com a aparição da Net foi aos poucos perdendo sua força, seu glamour. A carta, figura emblemática da correspondência, arauto de pensamentos e notícias distantes foi sendo substituída pela figura do e-mail, entidade fria e virtual que é um híbrido de papel de carta em branco, envelope e agência postal. Tudo num só. Muito prático. Ideal para o homem rapidus de hoje. Escreveu, clicou e fui! Logo sua mensagem está na caixa de entrada do destinatário. Ele clica, abre e lê. Quer mais praticidade do que isso? Nada de papel, nada de envelope, nada de caminhar até a agência dos correios mais próxima, nada de selo e muito menos de carteiro. Argh! Que falta de sensibilidade! E a coisa não pára por aí. Uma coisa mata a outra. O hábito de escrever cartas foi se extinguindo, dando lugar ao uso do e-mail e, praticamente, acabou com a alegria de vermos o carteiro batendo em nossa porta, entregando boas novas e afagos que emanavam do papel. Ele está quase virando peça de museu. A modernidade também trouxe mais desemprego, porque diminuindo o fluxo de correspondências, diminuiu a necessidade de mais carteiros e a ECT reduziu a contratação de profissionais da categoria. Que crueldade!

O e-mail facilitou nossa vida, nossa estressante e turbulenta vida. Ele, no qual se escreve pouco não por falta de espaço, mas porque normalmente temos muitos para ler e responder, inegavelmente deixou nossos corações mais frios, mais solitários, mesmo que assim se negue.

terça-feira, 17 de novembro de 2009

TÍMIDO... EU?

Sua respiração e seus batimentos cardíacos já aceleraram em alguma situação de constrangimento em público? Já sentiu dificuldade de se relacionar com uma pessoa desconhecida, a qual foi recentemente apresentada? Sente desânimo de sair à rua e de relacionar-se em público? Prefere relacionar-se através de sites de relacionamento, por temer críticas alheias? Sente-se inseguro em situações que exijam seu desempenho? Tem enrubescimento involuntário quando se vê diante de uma situação em que será avaliado publicamente? Se você respondeu sim, a pelo menos uma destas questões, pertence à parcela de pouco mais de quarenta por cento da população que se considera ou é tímida.

O aumento da violência pública criou um temor generalizado nas pessoas. Elas deixaram de freqüentar lugares públicos temendo represálias infundadas e incidentes inesperados. A insegurança social, que se elevou nos últimos anos, levou-as a restringir sua liberdade de ação. O surgimento de sites de relacionamento na Internet, que possibilitam o contato com pessoas desconhecidas sem que se tenha que mostrar como se realmente é, facilitou e reforçou a nova maneira de viver de adultos e jovens: permanecer recluso em seu lar, escondendo-se atrás de um teclado, na segurança que tal situação lhe proporciona, sem deixar de se relacionar com outras pessoas foi a forma adotada de manter-se seguro e afastar o “fantasma” da timidez de suas vidas. Estes se constituem em alguns dos fatores que aumentaram o número de tímidos no mundo. Mas o que é timidez, afinal?

Timidez é um padrão de comportamento que a pessoa não exprime ou exprime pouco seus pensamentos e sentimentos. Ela não interage ativamente com as pessoas que se relaciona. Esse padrão de comportamento se caracteriza basicamente pela inibição do indivíduo em certas ou várias situações. O tímido reconhece sua dificuldade em interagir com outras pessoas ou em situações sociais e pode muitas vezes não admiti-la. Ele anseia em mudar, em ter liberdade de ação, mas depara-se com barreiras internas que impedem a livre expressão de pensamentos, sentimentos e emoções. O desequilíbrio entre estas barreiras internas e os anseios aumenta ou diminue a dificuldade de relacionamento. Os sentimentos e emoções que não são expressos fluem para o plano das fantasias. Neste, os sentimentos e emoções que não são expressos na vida real encontram espaço para “brilhar’, em vista que na fantasia não existe o temor das críticas, o embaraço cruel das opiniões. Por isso vemos muitas pessoas alheias ao mundo em que vivem, falando pouco ou mantendo-se caladas.

Dificuldades, mas não impossibilidade, em participar de atividades em grupo; de praticar esportes coletivos; de realizar apresentações artísticas; de falar em público; de fazer uma pergunta em sala de aula; dificuldade de abordar alguém para namoro ou relação íntima; em escrever o que se pensa; em falar com alguém em posição de autoridade; dificuldade de divertir-se em público, etc. são alguns exemplos que caracterizam uma pessoa tímida. Você é tímido(a)?

As causas da timidez são múltiplas, mas dentre várias podemos citar algumas:

Indivíduo suscetível a críticas – um número significativo de pessoas é capaz de sofrer modificações comportamentais ou adquirir determinadas condutas em função da relevância que dão a críticas alheias;

Experiências de humilhações silenciosas ou públicas – pessoas que vivenciam situações ou fatos sociais que, de alguma forma, corroem seu ego ou produzem distorções no ego que está em desenvolvimento;

Problemas familiares que causem vergonha – é comum crianças ou adolescentes sentirem-se envergonhados da situação financeira ou social que vivem em relação aos demais. Isso pode ser superado em pouco tempo ou permanecer como forma de autodepreciação. Permanecendo na forma de autodepreciação, a pessoa caracteriza-se por diminuir sua autoestima e desejar a compaixão daqueles que a rodeiam. Problemas familiares de outras naturezas podem causar o dano da timidez.

Em certos casos a timidez é vista como algo intransponível. Por esta razão encontramos pessoas tímidas que se comportam como se estivessem presas em seu próprio mundo. Elas estão enganadas. É possível libertar-se da timidez. Os tímidos podem vencer esse dano psicológico a partir do momento que tomam consciência da realidade que vivem e das possibilidades que possuem. Por exemplo, feiúra e pobreza não são motivos que justifiquem a timidez. São fatos que muitas vezes não podemos mudar, entretanto, podemos superá-las tomando atitudes concretas que visem uma mudança positiva e acreditar que todos têm imperfeições, às vezes, muito piores que a ausência de beleza e a falta de dinheiro. Para se libertar da timidez, os tímidos devem desenvolver o autocontrole de suas ações, a fim de não serem barrados pelo estado emocional que os reprime. Por viverem acorrentados em seu próprio mundo necessitam de um estímulo para galgar a liberdade. Existem três princípios básicos para se libertar das barreiras internas da timidez:

Sonhar – o indivíduo deve imaginar que aquilo que deseja pode se tornar real em função de suas verdadeiras possibilidades e de sua autodeterminação;

Criticar – o indivíduo deve criticar a si mesmo, não de forma opressora ou piedosa, mas de maneira fria, criteriosa e realista, percebendo que é possível realizar suas metas e conquistar seus objetivos, como, por exemplo, vencer o temor das críticas de amigos com relação ao corpo, ao cabelo, a maneira de vestir;

Realizar – colocar efetivamente em prática suas reais vontades, seus desejos, sem medo de errar, sem temor das críticas que venha a sofrer, procurando alcançar o bem-estar interno, buscando uma harmonia íntima que lhe traga prazer, felicidade e paz de espírito.

Se o tímido articular harmoniosamente estes princípios perceberá mudanças significativas em seu íntimo, verá surgir nele mesmo comportamentos fantásticos, que o levarão à liberdade. Se você é tímido, não continue a perder momentos irrecuperáveis de sua vida. Lute para vencer a timidez empregando estes princípios ou criando meios que o levem à liberdade. Lute por sua harmonia interior e realização pessoal. Seja livre!

sexta-feira, 13 de novembro de 2009

NÃO FALE COM ESTRANHOS

Completara sessenta anos de idade. Estava casado há trinta e cansado. Tinha dois filhos adolescentes, que mais o aborreciam do que lhe davam satisfação. A loja de material de caça e pesca ia bem, rendia bons lucros, permitindo uma estabilidade financeira agradável. Apesar da idade, a saúde física estava equilibrada. Entretanto, a mental não ia bem. Quanto tempo já se passara desde que saiu da miséria. O tempo não o fizera esquecer as dificuldades e frustrações do passado. Deixara talvez de viver dias melhores e mais felizes devido a um casamento precoce. No início tudo era paixão, tudo era amor e rosas. Os conflitos e divergências surgiam e desapareciam, como os pássaros que vinham, pela manhã, pousar nos galhos frondosos da árvore que crescera ao lado da janela do quarto do casal. Não se separara por recear o espectro da solidão ou por não desejar iniciar tudo novamente? O tempo era inflexível. Não adiantavam súplicas ou rogos. Não permitia recuperação daquilo que deixara de fazer. O tempo lhe traía e ele tentava não pensar, mas quando lembrava se tornava melancólico assim que o percebia. O tempo se encarregou de minimizar a incandescência do amor e murchou as rosas. Vivia uma relação de conveniências. Mas e se conseguisse voltar atrás, no tempo? Caminhar novamente pelo labirinto da vida em caminhos que ainda não havia percorrido? Como seria sua vida? Certamente não faria as escolhas que fez, não perpetraria os erros que cometeu. Em certos momentos achava-se grotesco em relação aos devaneios que o acometiam, que traziam à superfície suas maiores dores, suas maiores frustrações. Não tinha com mudar sua vida e muito menos alterar o tempo. Acreditava que a vida não era feita de tentativas e erros, mas sim de dilemas e escolhas.

Cláudio retornava para casa, a pé. Devido a um problema mecânico, deixara o carro numa oficina. Caminhava sozinho, convoluto em melancolia. Quando chegasse em casa, começaria outra rotina. Beijar a mulher que esquecera da auto-estima que tinha quando o namorava. Sentir o aroma de alho e azeite que o corpo rotundo exalava, desestimulando-o a qualquer desejo quando estivesse na cama. Ele balançou a cabeleira grisalha, como se alguém estivesse a seu lado ouvindo seus pensamentos.

Faltavam apenas dois quarteirões para chegar em casa, quando ele se deparou com um homem de aparência sombria que caminhava em sua direção. Evitando o encontro, abaixou a cabeça e atravessou a rua, dirigindo-se para a calçada oposta. Quando lá chegou, assustou-se. O homem o aguardava, postado sobre o meio-fio.

- Por que está fugindo de mim?

Cláudio surpreso, parou de repente.

- Sim, porque está fugindo de mim? – perguntou novamente o desconhecido.

- Eu, eu não estou fugindo, nem o conheço...

- Claro que conhece, só não acredita que eu possa fazer alguma coisa por você.

Cláudio contraiu o rosto. Estava confuso.

- Quem é você?

- Sou aquele que muitos rejeitam, mas que muitos se tornam adeptos...

- Não estou entendendo...

- Veja bem, você está com sessenta anos, cansado do casamento, frustrado com essa vida regrada e cheia de responsabilidades e contas para pagar... imagine que pudesse voltar no tempo, pudesse realizar tudo aquilo que deseja e que não pôde realizar... você não gostaria de sair com lindas mulheres, mulheres que quando você era jovem, não existiam e que agora existem... não é verdade?

A hesitação impregnou o rosto de Cláudio. Sua expressão denunciou-o, confirmando um dos desejos que o perturbavam, mas que ele recalcava. O desconhecido penetrara na redoma que Cláudio criara para ele mesmo. Descrente, ele sorriu em desdém e disse:

- Não o conheço e ainda estou aqui ouvindo essas asneiras...

- Não acredita no que eu digo?

- Desculpe, mas mesmo que conseguisse me fazer voltar no tempo, coisa que considero absurda, eu estaria velho, cansado como estou, pouco atraente...

- Acha que não posso? Pense na proposta...

- Não, desculpe, mas eu tenho que ir, até logo.

Cláudio foi embora. O homem observava-o caminhar. Percebeu que tocara no íntimo melancólico do sexagenário, que conseguira atingir suas fragilidades tão ocultas.

No momento que fechava o estabelecimento, Cláudio foi abordado pelo mesmo homem de aparência sombria que encontrara há três dias atrás.

- Lembra de mim? – perguntou o desconhecido com um discreto sorriso.

Assustado, Cláudio fitou-o nos olhos escuros e amedrontadores.

- Então, pensou na minha proposta?

- O que você quer comigo? Eu, eu não estou entendendo...

- Não se faça de desentendido... sei que no fundo desejaria ter outra vida, outra oportunidade de viver prazeres que essa vida que considera medíocre não lhe permite...

Cláudio ficou surpreso e confuso. Como aquele desconhecido poderia saber tanto a seu respeito, sem que ele nada lhe tivesse dito.

- Quem é você?!

- Quem eu sou não importa no momento... então, aceita voltar no tempo ainda jovem, na época atual, totalmente livre, para viver uma nova vida?

Cláudio estava atordoado.

- Como pode saber tanto sobre mim?

- Não importa... aceita minha proposta?

- Não, isso é bobagem, desculpe, eu preciso ir e... por favor, não me procure mais.

O homem sorriu, vendo-o caminhar depressa para casa. Passaram-se três dias e ele se preparava para fechar a loja, quando foi abordado novamente pelo mesmo homem.

- Aceitou a minha proposta?

- Por que insiste com esse absurdo?

- Porque sei que no fundo assim o deseja.

Cláudio ficou encarando o desconhecido. Estava indeciso, mas algo o levava a aceitar, afinal que mal haveria voltar no tempo e fazer tudo aquilo que tanto desejava e que por uma escolha errada, sua vida enveredou por caminhos que acabaram tornando-o um homem melancólico e infeliz. Súbito, ele disse:

- Está bem, está bem, eu aceito... que mal vai haver? Talvez aceitando essa bobagem você desapareça da minha frente... o que tenho que fazer?

- Simples – disse o homem. – Somente aperte a minha mão... agora!

Cláudio hesitou, mas depois obedeceu. No instante que as mãos se uniram, algo insólito aconteceu. Todo o corpo de Cláudio se arrepiou. A mão do desconhecido era áspera e fria. Ele sorriu tenebrosamente e um esgar surgiu no rosto empalidecido do comerciante. A visão deste ficou turva e ele nada mais viu.

Cláudio acordou e foi ao banheiro. Um brilhante sorriso estampou seu rosto jovem quando ele se contemplou no espelho do banheiro. Era jovem novamente, como nos seus vinte e dois anos de idade. O corpo tornara-se vigoroso e esbelto. Os cabelos adquiriram a negritude da época. Ele sorriu. Foi até a sala e percebeu que estava no apartamento que morou quando ainda solteiro. Olhou para a mão esquerda e não havia aliança de matrimônio e nem marca pretérita dela. Ele sorriu de alegria. Consultou o relógio e era noite. Vestiu-se elegantemente e saiu. Foi a uma boate. Conquistou uma linda mulher, de curvas enlouquecedoras. Eles fizeram sexo por toda a madrugada. Pela manhã, Cláudio acordou com forte dor de cabeça. Foi ao espelho e contemplou-se. Era jovem, forte e atraente. Passou o dia a comprar roupas. Comprou um carro esporte, consumindo todas as economias que tinha. À noite, vestiu-se e saiu. Foi a outra boate. Nesta dançavam possantes morenas e grandes loiras. Envolveu-se com duas belas mulheres. Uma morena e uma loira. Compartilharam um ménage à trois. Cláudio passou a beber, mesmo durante o dia, o qual praticamente não via, em vista que acordava no fim da tarde. Ele passara a viver na noite, em bares e boates, recrutando minissaias e calças justas para partilhar uma cama. Noites e noites e novas e emocionantes aventuras sexuais. Ele gozava de prazeres carnais com as mais belas mulheres que conhecia. Passara a andar em alta velocidade com o carro esportivo, sempre em companhia de alguma beldade de cabelos esvoaçantes. Meses se passaram e ele sorria, não acreditando que tudo aquilo realmente acontecia e que não era um sonho.

Numa noite, quando deixava o apartamento, Cláudio deparou-se com o homem que mudou sua vida.

- Você?! O que está fazendo aqui?!

- Vim cobrar o que me deve...

- Não lhe devo nada!

O homem sorriu, balançando a cabeça de um lado para o outro.

- Esqueceu que vendeu sua alma para mim?

Houve um instante de silêncio. Cláudio arregalou os olhos quando percebeu o que estava acontecendo.

- Não!! Impossível! Isso não é verdade!! Não pode ser verdade!!

O homem se aproximou e fulminou-o nos olhos.

- Achou que podia voltar no tempo, adquirir sua juventude de volta, mudar sua escolha de vida sem que para isso nada tivesse que dar em troca?

O homem volveu o corpo e desapareceu tão rápido que ele não pôde ver para onde foi. No instante seguinte, uma dupla de assaltantes o abordou. Cláudio reagiu quando um dos bandidos lhe pediu o relógio Rolex que usava. Foi morto a tiros.

terça-feira, 10 de novembro de 2009

A MULHER ÍMPAR

Você conhece a mulher ímpar? Se não conhece, é melhor se reciclar. Volte ao útero de onde veio e tente descobrir este novo tipo de mulher. Uma raridade. Ser maravilhoso e oculto na multidão consumista, perceptível somente na busca intrincada e constante. Gênero simbiótico de mulher que guarda os valores de “Amélia que era mulher de verdade...”, bem como apresenta características da mulher atual, emancipada, atuante no mercado de trabalho, ativa e comprometida com a felicidade dos filhos, engajada com a promoção do amor pelo marido, pelo homem que a completa e realiza.

A mulher que falamos não se encontra em boates, bares, na vida noturna, em academias de musculação e muito menos no ambiente trabalhista. Ela pode estar lá sim, mas está encoberta, preservada dos machões e aventureiros de plantão. A mulher ímpar é única, invulgar, algo quase em extinção. Ela valoriza o amor verdadeiro, o respeito, a dignidade, não se expõe desnecessariamente, a não ser na conquista de seus objetivos. Procura o homem ideal, aquele que a fará feliz, completa, realizada, que com ela constituirá uma família. Não cede aos conquistadores baratos e oportunistas de tocaia que desejam apenas usá-la como objeto descartável, ou assumir o poder aquisitivo que ela detém em decorrência de uma herança familiar ou emprego estável, situação que desejam, para colocá-los muito longe da penúria. Pela difícil identificação e pelo valor inestimável que apresenta é muito procurada pelos homens hoje em dia. É a mulher com as qualidades ideais para o matrimônio, para a construção de uma família, para dividir-se problemas e compartilhar alegrias. É a amante ideal, que não irá debochar da impotência temporária do homem ou de suas fraquezas psicológicas, que saberá apoiá-lo em momentos críticos, como no desemprego ou na perda de um ente querido.

A emancipação da mulher concedeu-lhe maior liberdade, mas também promoveu a sua ousadia, no sentido que ela não mais dependesse do homem, seja no lar, no trabalho, no lazer. A mulher descobriu os mistérios da vida noturna, de ser dona de sua liberdade, de não se ocupar com afazeres domésticos ou problemas financeiros familiares, muito menos com os sentimentos do homem com o qual compartilha sua cama. O homem passou a ser visto como elemento importante, mas não fundamental para a realização feminina. Tornou-se objeto que proporciona prazer, que funciona bem no serviço braçal que lhe é mais adequado, para as situações que exigem agressividade e atitude. Com esta postura, a mulher distanciou-se do matrimônio, da constituição da célula-mãe da sociedade que é a família. Optou por ter filhos de maneira independente, empregando o homem apenas como reprodutor, não como marido, pois não depende mais financeiramente dele para sustentar sua prole e definir seu destino. Esse perfil de mulher expandiu-se de tal maneira pela sociedade, gerações e gerações, que a mulher ímpar foi desaparecendo, tornando-se uma mulher infrequente.

Procura-se a mulher ímpar, exaustivamente. Desejam-na e ela tem consciência de seu valor, do que significa e representa. Sua essência é rara. Misto de musa e mulher recatada. Consciente de seu poder sabe ser mulher e amante, reconhece quando o homem merece seu amor e carinho. Cede o corpo na mesma proporção que recebe daquele com o qual se envolve. Identifica a sinceridade, valoriza o respeito e respeita, tem dignidade e não abre mão dela. Sabe de suas possibilidades, que não são poucas, e como usá-las, sem menosprezar o homem ou qualquer outro semelhante que se relacione. Sabe agir, como, quando e onde, quando for preciso.

Se encontrar uma mulher ímpar por aí, não a deixe escapar. Você tem uma preciosidade nas mãos. Cuide-a com carinho e devoção, pois só tem a ganhar. Será feliz e realizado como homem, marido ou companheiro. Se fores uma mulher ímpar, sorria, tirou a sorte grande e não precisa se preocupar. Uma multidão de homens está a sua procura e outra, igualmente de mulheres, inveja-a, visceralmente.

sábado, 7 de novembro de 2009

ORIENTAÇÃO PROFISSIONAL

Ele bateu a porta no momento que saía. Dentro da pequena sala estava quente, o ambiente abafado. Lá fora estava frio, decorrente da chuva fina e fria que caía. Ficara nervoso, como todas as outras vezes, mas conseguira ocultar sua aflição. Não tinha certeza exatamente qual a razão para tal comportamento. Talvez fosse pela beleza da psicóloga, mulher mais velha, entretanto bonita, de cabelos longos e encaracolados nas pontas. Sentia-se atraído por mulher tão interessante, mas não lhe passava na cabeça nada mais que pura atração. A bela tinha idade para ser sua mãe e ele a respeitava como se o fosse. Talvez a aflição decorresse do medo. Medo que o patrão descobrisse por onde andava.

Hugo voltou a pé para casa. Andando com as mãos nos bolsos da calça jeans desbotada, entregava-se aos devaneios. Tinha consciência que o aquilo que fazia não era errado. Queria ser alguém na vida, deixar as desgraças e tristezas da favela para trás, livrar sua mãe da vida miserável que levavam. Tinha dúvidas que profissão deveria seguir e descobriu que na universidade, numa clínica que lá existia, atendiam gente carente, ajudando a descobrir que carreira seguir. Disseram que era fácil: conversar com uma moça e fazer uns testes simples. Ele achou ótimo e pensou que não poderia perder a oportunidade. Sopros de vento sacudiam suas roupas baratas e velhas. Num momento ele caminhava nas calçadas, no outra palmilhava as ondulações das ruas. Veículos passavam rapidamente por ele, atingindo-o com rajadas de respingos das poças d’água da chuva que não cessava. Sorriu ao lembrar-se das sessões que participara com a “doutora”. Dissera que interrompeu os estudos por necessidade, por ter que trabalhar para ajudar em casa. O tempo que passou nos bancos escolares permitiu que percebesse que gostava de estudar, de fazer cálculos, escrever histórias nas aulas de língua portuguesa. Conseguirá chegar até o ensino médio. Tinha boa memória, lembrou-se das sessões, dos testes aplicados pela “doutora”. Perguntava tudo, chegando a constrangê-la e ela não lhe negava o conhecimento.

- Como se chama esse teste?

- Quati...

- O que quer dizer?

- Questionário de Avaliação Tipológica.

- E aquele outro, que fiz?

- QVI...

- O que significa?

- Como você é curioso... isso não é um dos objetivos da orientação, mas tudo bem, significa Questionário Vocacional de Interesses...

- Estou gostando... – disse o jovem, sorrindo.

- Vamos ao questionário pessoal... o que você gosta de fazer?

E durante as entrevistas não paravam as perguntas. Hugo queria aproveitar o máximo os conhecimentos da orientadora. Receava que sua presença na clínica da universidade fosse interrompida de uma hora para outra.

Ele sorriu, denunciando do interior da boca o único brilho que existia em sua vida medíocre. Pensava em ser engenheiro, trabalhar numa grande obra, usando capacete de proteção, coordenando as ações dos operários. Pensava em ser advogado, envergar um daqueles ternos escuros e impecáveis, como daqueles homens sérios que via na frente do fórum, quando ocorriam audiências de gente do tráfico e ele era obrigado a ir, para no caso do patrão mandar invadir. Sempre temia que isso acontecesse.

O percurso até a entrada da favela foi vencido sem que seu corpo percebesse o esforço despendido. Hugo parou na subida do morro. Embora a escuridão começasse a espalhar-se pela cidade, seus olhos miúdos e esperançosos miraram a elevação encoberta por moradias insalubres. Eram casas com ou sem reboco que se acotovelavam e geminavam com barracos de madeira reaproveitada. Pessoas se moviam lentamente, subindo e descendo escadas, rústicos acessos criados na terra e na rocha. Seres esmolambados, desapontados com as autoridades, com os políticos que só pareciam no período eleitoral esbanjando hipocrisia. Prometiam de tudo e não cumpriam nada. Seu público eram homens, mulheres e crianças sem perspectiva de vida, com um único estilo de vestir e viver, amedrontados e oprimidos pelo mal do tráfico. O mal das drogas na favela representa o câncer que se alastra, que mata aos poucos, proporcionando uma vida agônica. Os moradores respeitam a lei do silêncio. Sofrem calados, cedem suas vidas, de uma forma ou de outra, para o comércio injusto e cruel. E isso Hugo sabia perfeitamente o que significava. Embora com apenas dezessete anos de idade, prestes a alistar-se no serviço militar obrigatório, mesmo sem ter colocado os pés dentro de um quartel, já conhecia muito da guerra. Era um legionário do tráfico. Participara de tiroteios, ferira e fora ferido, conduzira drogas de um local para outro. Uma lágrima correu silenciosa pelo rosto marcado pela acne e, no mesmo instante, ele sentiu uma dor no peito, como sentira muitas outras vezes.

Hugo enveredou por um caminho que ora se estreitava, ora se alargava, em direção ao alto do morro. O jovem esquálido e de boné virado para trás, subia devagar, rejeitando no íntimo o avançar imposto por uma escolha que não fizera. Não queria ser um traficante pelo resto de sua vida. Queria dignidade, respeito, admiração, felicidade. Súbito, no desvão de um barraco, da escuridão que o circundava, parte das sombras desmembrou-se para, violentamente, agarrá-lo por trás. Ele se debateu, tentando escapar e logo percebeu que eram dois homens, muito mais fortes que ele. Das sombras também surgiu uma figura que aquietou o jovem aprisionado. Ele arregalou os olhos quando se deparou com um dos homens mais temidos da favela.

- E aí, meu irmãozinho, por onde tem andado?

Hugo relutou em falar, e mentiu.

- Eu, eu fui lá no centro, comprar um remédio pra minha mãe...

Gino Quarenta era filho de Nonato Zinca, o patrão do tráfico na favela onde Hugo morava. O sujeito com tatuagens pelos ombros e braços se aproximou e, com um aceno de cabeça, viu seus asseclas revistarem Hugo.

- Deixa de mentir! Você tá sem remédio nenhum nos bolsos!

Gino agarrou a camiseta de Hugo e torceu-a, estrangulando-o. O jovem esperneou, por começar-lhe a faltar o oxigênio.

- Argh! Ginoo! Vo-cê vaai me mataaarr!

O criminoso sorriu, explicitando sua crueldade.

- É o que tô pensando... – disse Gino apertando ainda mais a garganta de Hugo. – O que o mano tá fazendo com aquela mulher bonita lá da faculdade?...

- Argh! Eu...

- Tô sabendo que tá indo lá toda semana... fazê o quê, mano?!

- Não tô... conseguinndo falá...

Gino soltou a camiseta e se afastou de Hugo. Com as mãos em concha, acendeu um cigarro.

- Vai, fala logo o que tá fazendo lá...

- Orientação profissional...

- Orienta, o quê?!

- Orientação profissional...

- O que é isso?!

- É pra ajudar as pessoas descobrirem que profissão devem seguir...

Gino balançou a cabeça enquanto sorria, manifestando a ausência de dentes e a presença de cáries discretas.

- Pra quê o mano quer saber o que vai ser?... meu mano, você é nosso, é da família, entendeu?... profissão, profissão, a tua profissão é aviãozinho... por enquanto – disse o traficante requebrando o corpo no momento que tragava.

- Eu... não quero ficar morando na favela... a minha vida toda...

- Tá ficando mais velho, daqui a pouco melhora de situação... aí vai recebê mais... tua vida vai melhorá.

- Eu quero dar uma vida melhor pra minha mãe e... pra mim.

Gino balançou a cabeça e tragou o cigarro. Olhou para os comparsas e disse:

- O mano tá ficando metido, tá se achando, galera... se achando melhó que nós... vê se te enxerga!

- Não!Não é nada disso, eu só quero estudar, Gino, quero ir pra a faculdade, pra ajudar minha mãe...

- Cala a boca de merda! Daqui você não vai sair pra faculdade nenhuma! Ouviu?! Nem pense em ser um bacana, nem pense!

Os dois asseclas, num aceno do criminoso, passaram a espancar Hugo. Ele gemia enquanto levava socos e pontapés. Logo caiu no chão, onde chutaram suas costas. Gino se aproximou e inclinou o corpo sobre o jovem caído.

- Nem pense em entrar nesse negócio de faculdade... não quero sabê de você ir falá com a mulher bonita, ouviu?! Nem parece lá! – vociferou o traficante.

O grupo deixou o local e desapareceu tão rápido quanto surgiu. Hugo rolou no chão. O rosto e o corpo doíam. Muito. Um gosto amargo de sangue apareceu em sua boca. Passou a mão pelo rosto e percebeu uma mancha de sangue na palma da mão. Levantou-se devagar e continuou a subir. As costas e o rosto doíam bastante. Chegando ao lar, foi interpelado pela mãe que notou os ferimentos. Negou todas as afirmações condenatórias. Tomou banho, comeu alguma coisa das panelas enegrecidas pelo fogão enferrujado, e foi dormir.

- O que houve com você?! – indagou a psicóloga quando viu os hematomas no rosto de Hugo.

- Nada, moça, nada.

- Nada?! Como nada?!... você está todo machucado! Quem te bateu?

Silêncio, um silêncio marcado pelo abaixar da cabeça e o apertar dos dedos, uns contra os outros.

- Hugo, você é um bom rapaz, mora na favela, mas tem condições de ter um futuro melhor, dar algo melhor para sua mãe, como conversamos... diga, não tenha medo, quem fez isso... eu vou tentar te ajudar...

Hugo ergueu a cabeça e fitou a psicóloga. O medo e a vergonha não foram suficientes para impedi-lo de falar.

- Com todo respeito, moça, mas se o governo não acaba com o tráfico no morro onde moro, se não dá emprego pra quem vive lá... acho difícil, muito difícil, a senhora resolver o meu problema.

A sessão de orientação profissional terminou antes do previsto. Hugo foi para casa. Subia os caminhos estreitos e tortuosos do morro, quando foi novamente abordado por Gino Quarenta e seus comparsas.

- Não te falei pra não voltar lá na faculdade? Não falei pra não conversá com a mulher?! Não te falei, mané?!

Os olhos do jovem marejaram. Seu coração batia aceleradamente. A violência do tráfico se materializava na figura de Gino.

- Gino, eu, eu quero entrar na faculdade, eu não tenho nada contra você, nem contra seu pai, eu quero ser alguém, entenda, eu quero...

Antes mesmo de Hugo terminar de falar, o criminoso sacou um revólver, de trás da cintura. O estrondo dos disparos espalhou-se pelos barracos ao redor. Nenhuma das janelas foi aberta e ninguém saiu para ver o que estava acontecendo. O corpo esquálido tombou na terra úmida do caminho. A camiseta molhada pelo suor passou a umedecer-se pelo sangue que começou a sair das perfurações no peito. Os olhos de Hugo ficaram abertos, arregalados pelo terror que o cobriu. A boca não expelira o grito de agonia do ser esperançoso. O coração entusiasmado com planos para o futuro parou de bater. O sonho do jovem da favela, de receber seu diploma num dos auditórios da universidade pública, volatilizou-se num instante.

- E a mãe dele, quando soubé? – indagou um dos asseclas.

- Que interre esse vacilão, esse babaca que queria ser doutô – respondeu Gino.

Ele cuspiu sobre o corpo de Hugo. Com um aceno de cabeça, foi seguido pelos comparsas. O grupo passou a subir pelo caminho onde estavam e desapareceu por entre os barracos. Segundos depois, moradores saíram e circundaram o cadáver do jovem caído. Um menino logo gritou:

- É o “fio” da Dona Mirtes!

- Meu Deus! É o Huguinho! – bradou uma sexagenária colocando as mãos no rosto.

O menino disparou, subindo o caminho. Minutos depois, a mãe de Hugo avançou por entre aqueles que estavam ao redor do cadáver ensangüentado. Quando viu o filho morto, caiu de joelhos e abraçou o corpo imóvel, passando a chorar intensamente.

Hugo foi morto na velada guerra civil que ocorre diariamente nas favelas dominadas por um exército descaracterizado e que conhecemos muito bem. Pertencia a um dos lados, por questão das circunstâncias e do lugar onde nasceu. Por tentar mudar seu destino, por tentar buscar uma nova sorte, por tentar ser uma pessoa digna, respeitável, foi considerado traidor do código de ética da facção a qual pertencia, passando a ser mais uma vítima dele.

Em memória dos jovens que não tiveram escolha em suas vidas


e que foram vítimas do tráfico de drogas.

domingo, 1 de novembro de 2009

O HOMEM BETA

A mulher-de-hoje, emancipada, dona de seu destino, procura por homens de lindos olhos azuis, de aparência viril e sedutora, prontos para o prazer, que nem de perto pensam em matrimônio, família ou em compartilhar dificuldades conjugais? Parece que não. Os homens sarados, que vivem de “bicos” ou respaldados por subempregos, descomprometidos com a dignidade, o respeito e os princípios do apoio, do compartilhamento dos problemas conjugais, não figuram atualmente nos objetivos primordiais do universo feminino. Homens assim, as mulheres não querem. Quando a pauta é matrimônio e comprometimento, elas não demonstram dúvidas: querem um tipo raro de homem, um modelo masculino em transformação, conhecido por homem beta.

A terminologia origina-se da biologia. O homem beta é o oposto do macho alfa, sendo este perfil do líder dos animais. O alfa demonstra força, coragem, valentia e é responsável pela caça, pelo alimento do grupo. Os machos alfas são aqueles que conquistam as fêmeas do bando. Já o beta é o macho subordinado, que acompanha os demais e não exige em participar das disputas masculinas. Claro que tudo isso no cenário da ciência. Na selva social em que vivemos nota-se alguma semelhança nos personagens, mas os papéis são outros.

No Brasil, a sociedade apresenta-se tradicionalmente conservadora, patriarcal e machista. O homem acha que ceder ao carinho, ao amor verdadeiro, à harmonia, à igualdade de direitos, constitui-se numa depreciação de sua masculinidade, de sua virilidade. A mulher atual prefere o perfil do homem beta, ser com o qual mais se identifica. O homem beta não esconde sua humildade, seus conflitos, seu amor e suas peculiares manifestações. Ele não se preocupa se a mulher que ama é profissionalmente superior a ele. Busca a harmonia, repudiando os conflitos preciosistas e as diferenças contextuais. Demonstra paciência e domínio de si, não se exasperando com a mulher quando ela está “atacada” pela tensão pré-menstrual ou por momentos de estresse. E a mulher atual, bem resolvida, competente profissionalmente, não deseja um homem que quer mandar, competir, discutir com ela. Deseja um homem que a compreenda e apóie.

Os homens líderes-protetores-provedores cansaram a mulher-de-hoje, emancipada e conhecedora de seu poder. Ela não deixou de viver, de gozar dos prazeres da companhia masculina, entretanto, passou a ser extremamente seletiva, não aceitando o modelo masculino tradicional, dominador. O homem beta caracteriza-se pela sensibilidade, respeito, atenção, harmonia. Não teme assumir suas fraquezas; chora se for preciso na presença da mulher que ama, derrubando o dogma que “homem não chora”; não teme o poder exercido pelas mulheres; tem autoestima, mas não maximiza sua aparência, até porque seus valores pessoais transcendem a carne; gosta do recanto do lar; de cozinhar; assistir televisão abraçado à mulher; de dormir agarradinho; servir café na cama para sua amada. O homem beta não é o senhor da guerra e nem pretende ser. Despreza a violência, primando pela força do argumento.

O homem de que falamos gosta de cuidar da mulher e dos filhos, do lar, da vida orçamentária e doméstica. Procura a conciliação, empregando a tolerância e a habilidade de comunicação. Com ele a mulher se sente segura, pode contar nos momentos críticos de sua vida, porque não o vê como concorrente ou modelo líder-protetor-provedor. Pode parecer que o beta não tem atitude e iniciativa, que não tem “pegada” como algumas mulheres costumam dizer, e aí reside um engano. O homem beta embora demonstre ser atencioso, carinhoso, tolerante e harmônico, ainda se mantém pragmático, dinâmico, pronto para agir energicamente quando a situação assim o exigir. Se o propósito impor, ele desvelará sua “pegada” talvez muito maior que a do macho alfa. Por seu comportamento sereno e características pouco agressivas, o homem beta enfrenta preconceitos de pessoas que o julgam como “feminino”, fraco, pouco másculo. Não poderia ser diferente de uma sociedade marcada pelo sistema patriarcal, no qual o macho deve ser agressivo, violento e pouco sensível.

O homem beta é um modelo em transformação, como o mundo atual, em constante mudança. É um arquétipo que tenta sobreviver aos meandros e às agruras da relação homem-mulher na conquista da felicidade e do amor pleno, resistindo às tragédias e desastres do contexto social. Ele quer ter uma família, filhos que possa cuidar, que o valorizem e amem. Quer ter uma mulher que possa apoiar e que também o apóie, para juntos superarem os problemas e desafios da vida contemporânea.