A mulher-de-hoje, emancipada, dona de seu destino, procura por homens de lindos olhos azuis, de aparência viril e sedutora, prontos para o prazer, que nem de perto pensam em matrimônio, família ou em compartilhar dificuldades conjugais? Parece que não. Os homens sarados, que vivem de “bicos” ou respaldados por subempregos, descomprometidos com a dignidade, o respeito e os princípios do apoio, do compartilhamento dos problemas conjugais, não figuram atualmente nos objetivos primordiais do universo feminino. Homens assim, as mulheres não querem. Quando a pauta é matrimônio e comprometimento, elas não demonstram dúvidas: querem um tipo raro de homem, um modelo masculino em transformação, conhecido por homem beta.
A terminologia origina-se da biologia. O homem beta é o oposto do macho alfa, sendo este perfil do líder dos animais. O alfa demonstra força, coragem, valentia e é responsável pela caça, pelo alimento do grupo. Os machos alfas são aqueles que conquistam as fêmeas do bando. Já o beta é o macho subordinado, que acompanha os demais e não exige em participar das disputas masculinas. Claro que tudo isso no cenário da ciência. Na selva social em que vivemos nota-se alguma semelhança nos personagens, mas os papéis são outros.
No Brasil, a sociedade apresenta-se tradicionalmente conservadora, patriarcal e machista. O homem acha que ceder ao carinho, ao amor verdadeiro, à harmonia, à igualdade de direitos, constitui-se numa depreciação de sua masculinidade, de sua virilidade. A mulher atual prefere o perfil do homem beta, ser com o qual mais se identifica. O homem beta não esconde sua humildade, seus conflitos, seu amor e suas peculiares manifestações. Ele não se preocupa se a mulher que ama é profissionalmente superior a ele. Busca a harmonia, repudiando os conflitos preciosistas e as diferenças contextuais. Demonstra paciência e domínio de si, não se exasperando com a mulher quando ela está “atacada” pela tensão pré-menstrual ou por momentos de estresse. E a mulher atual, bem resolvida, competente profissionalmente, não deseja um homem que quer mandar, competir, discutir com ela. Deseja um homem que a compreenda e apóie.
Os homens líderes-protetores-provedores cansaram a mulher-de-hoje, emancipada e conhecedora de seu poder. Ela não deixou de viver, de gozar dos prazeres da companhia masculina, entretanto, passou a ser extremamente seletiva, não aceitando o modelo masculino tradicional, dominador. O homem beta caracteriza-se pela sensibilidade, respeito, atenção, harmonia. Não teme assumir suas fraquezas; chora se for preciso na presença da mulher que ama, derrubando o dogma que “homem não chora”; não teme o poder exercido pelas mulheres; tem autoestima, mas não maximiza sua aparência, até porque seus valores pessoais transcendem a carne; gosta do recanto do lar; de cozinhar; assistir televisão abraçado à mulher; de dormir agarradinho; servir café na cama para sua amada. O homem beta não é o senhor da guerra e nem pretende ser. Despreza a violência, primando pela força do argumento.
O homem de que falamos gosta de cuidar da mulher e dos filhos, do lar, da vida orçamentária e doméstica. Procura a conciliação, empregando a tolerância e a habilidade de comunicação. Com ele a mulher se sente segura, pode contar nos momentos críticos de sua vida, porque não o vê como concorrente ou modelo líder-protetor-provedor. Pode parecer que o beta não tem atitude e iniciativa, que não tem “pegada” como algumas mulheres costumam dizer, e aí reside um engano. O homem beta embora demonstre ser atencioso, carinhoso, tolerante e harmônico, ainda se mantém pragmático, dinâmico, pronto para agir energicamente quando a situação assim o exigir. Se o propósito impor, ele desvelará sua “pegada” talvez muito maior que a do macho alfa. Por seu comportamento sereno e características pouco agressivas, o homem beta enfrenta preconceitos de pessoas que o julgam como “feminino”, fraco, pouco másculo. Não poderia ser diferente de uma sociedade marcada pelo sistema patriarcal, no qual o macho deve ser agressivo, violento e pouco sensível.
O homem beta é um modelo em transformação, como o mundo atual, em constante mudança. É um arquétipo que tenta sobreviver aos meandros e às agruras da relação homem-mulher na conquista da felicidade e do amor pleno, resistindo às tragédias e desastres do contexto social. Ele quer ter uma família, filhos que possa cuidar, que o valorizem e amem. Quer ter uma mulher que possa apoiar e que também o apóie, para juntos superarem os problemas e desafios da vida contemporânea.
Um comentário:
Definitivamente, ótimo texto. Esclarecedor. Que todos os homens do mundo leiam isso e reflitam sobre suas prioridades. Abraços
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