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-------------------Milton Hatoum, escritor brasileiro



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terça-feira, 6 de abril de 2010

CASO ISABELLA (III)

O julgamento do caso Isabella Nardoni atraiu a atenção de grande parcela do povo brasileiro, não somente por sua iniqüidade e brutalidade, mas principalmente por sua complexidade e pela divulgação do trabalho realizado pela polícia, perícia criminal e pela disputa entre promotoria e defesa. O povo brasileiro há poucos anos passou a conhecer o trabalho executado pela perícia criminal e sua relevância numa cena de crime. Seu interesse pelo assunto foi despertado e aprofundado pela série americana intitulada de CSI, que retrata o trabalho da perícia criminal no contexto de um crime, particularmente da morte de um ser humano. No decorrer do julgamento de Isabella Nardoni foram ouvidas as testemunhas da promotoria e da defesa, entre elas profissionais da perícia e testemunhas pertinentes ao caso. A perícia técnica, através de seus agentes, apresentou todas as evidências materiais encontradas na cena do crime, bem como esmiuçou a importância de cada uma delas. As testemunhas, tanto da promotoria como da defesa, apresentaram fatos que condensaram mais dados ao conceito de julgamento que os jurados deverão formar em suas consciências, para definir suas decisões em relação ao caso.

No decorrer do julgamento, promotoria e defesa foram apresentando suas armas e, aos poucos, os ânimos foram se acirrando. Francisco Cembranelli com muito tato, precisão e dignidade, soube abordar o caso de forma meticulosa, transparente, baseando sua tese de culpabilidade nas provas colhidas e analisadas pela perícia técnica. Além desta linha de análise e conclusão, o notável promotor também explorou a personalidade dos réus, apresentando suas características pessoais, como ausência paterna e ciúme exacerbado da madrasta. O advogado criminalista Roberto Podval, defensor dos Nardoni, em sua parte tentou desqualificar os trabalhos do delegado responsável pelo inquérito e da perita-chefe que executou e coordenou os trabalhos periciais relativos ao caso. Teceu considerações que procuraram enfraquecer o trabalho pericial e policial executados, demovendo os jurados da ideia de culpabilidade de seus clientes, entretanto, colheu fracassos, pois seu intento foi desvanecendo progressivamente. Cembranelli e Podval trocaram “farpas” durante o julgamento que foram comedidas pela autoridade do juiz Maurício Fossem.

Ana Carolina de Oliveira depois de permanecer incomunicável por três dias foi liberada, em vista de um laudo elaborado pela equipe médica do Fórum de Santana. A mãe de Isabella apresentou um grave retrocesso em seu tratamento psicoterápico, mergulhando em depressão profunda, por estar desgastada psicologicamente em decorrência de seu depoimento. Por estar isolada e muito abalada, seu estado emocional a levou a roer as unhas e a morder os próprios lábios, que sangraram. Diante disto, um laudo foi elaborado e apresentado ao juiz Fossem, que depois de consultar a defesa, liberou-a.

Ocorreram os debates entre a promotoria e a defesa. Novos embates e se sucederam vitórias e derrotas. Veio a fase de réplica e tréplica, o mesmo ocorreu. O julgamento começava a findar. O conselho de sentença se reuniu com o juiz Fossem para responder os quesitos necessários à sentença. E o veredicto estava para ser dado. Mas antes dele, cabem algumas considerações.

Se Alexandre Nardoni e Anna Carolina Jatobá forem condenados, retornarão para a cadeia e lá cumprirão a pena determinada pelo juiz. A justiça terá sido feita e todos retornaram às suas vidas. Se forem absolvidos, serão postos em liberdade imediatamente e irão para casa. Se isso ocorrer, certamente haverá uma comoção e revolta pública, em função dos ânimos acirrados. Mas independente do que venha a ocorrer, nada, mas nada irá recuperar, resgatar a vida daquele bela e feliz criança que tanto estampou camisetas e imagens televisivas. Isabella é mais uma vítima da banalização da violência, da falta de controle e autoridade de pais em relação a seus filhos, que posteriormente tornam-se pessoas desequilibradas, cheias de caprichos e irresponsabilidades.

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