Férias com a família nos levam a programas que normalmente não fazemos. E foi isso que aconteceu comigo nos meses de dezembro do ano passado e janeiro do corrente. Vivenciamos vários momentos de alegria. Caminhamos, saímos para jantar, fizemos mais churrascos, viajamos, nos divertimos à vontade e, não poderia deixar de ser, fomos ao cinema. Cabe registrar que na semana anterior minha musa menor, na ternura de seus nove anos de idade, assistiu em DVD o filme Crepúsculo, o qual a levou ao delírio. Diante do telão, comendo pipoca e bebendo coca-cola, assistimos ao filme Lua Nova e aí, minha princesinha foi subjugada pela “febre do vampirismo”. Não tardou a pedir para comprar o DVD do Crepúsculo, o primeiro filme da nova saga vampiresca. Conversei, articulei, e consegui convencê-la a não comprar um DVD que não era próprio para sua idade e que não lhe traria bons ensinamentos. Ela perguntou porque. Então tive que explicar que esse negócio de crepúsculo, lua nova, vampiro, lobisomem e termos afins, invadiram a “nossa praia” e que isso não é de hoje. Ela ficou um tanto surpresa e passou a ouvir-me atentamente. Mas como expliquei a ela, para entender um pouco a origem e efeitos dessa “febre”, voltemos ao passado, onde tudo começou.
A figura amedrontadora do vampiro Drácula surgiu pela pena empunhada por um escritor cujo nome transpassou décadas, gerações. Bram Stocker nasceu em Dublin, na Irlanda, em novembro de 1847. Escritor precoce, Bram Stocker escreveu seu primeiro ensaio literário aos 16 anos de idade, mas sua obra-prima foi a criação do conde vampiro Drácula. O vampiro e sua história nasceram de um pesadelo do escritor, no qual um vampiro se levanta da tumba onde jaz. Mas a ideia terrificante adquiriu arcabouço na figura de Vlad Tepes ou Vlad Drácula, o sanguinário príncipe da Valáquia. Este governante, cruel e sádico, chegou a empalar (espetar com uma estaca o corpo de um condenado pelo anûs, até que ocorresse sua morte) mais de 20.000 turcos, de uma só vez. Vlad Drácula era maníaco por ver sangue correr e em destruir seus inimigos. Foi treinado numa escola de magia negra, nas montanhas da Transilvânia. Os Dráculas (vampiros) eram membros de uma nobre estirpe, mas inúmeros mantinham tráfico com o Maligno. Necromancia (suposta arte de adivinhar o futuro por meio de contato com os mortos) e práticas negras eram feitas pelo conde vampiro, em pessoa, às margens de um lago. A narrativa de Stocker, que atravessa e encanta gerações, retrata um cenário marcado pelo terror, onde se percebem escuras florestas nas quais lobos caçam ao luar, onde figuram castelos sombrios, em que ocorrem guerras sangrentas e seres são encarcerados em prisões úmidas e escuras. A saga de Drácula representa a história de um amor irresistível, que perpassa os séculos, que atravessa extensos períodos de tempo na busca incansável da mulher amada. Nesta busca, o vampiro deixa um rastro de sangue e medo no qual se confronta com valores humanos, com a ciência e a moral. Ele é a besta que se alimenta de sangue e não tem escrúpulos para consegui-lo.
Bom, é importante que saibamos, mesmo que sucintamente, a origem da história do vampiro para entendermos realmente porque ele fascina tanto homens, mulheres, e agora jovens e crianças e o que está por trás disso. A história do vampiro tornou-se um marco na literatura mundial, por seu ineditismo, caráter misterioso e poder sobrenatural dado ao personagem criado por Bram Stocker. O ser humano, em qualquer tempo ou época, sempre sentiu forte atração pelo desconhecido, pelo sobrenatural, pelas forças que regem o mal e suas nuances. Drácula, o príncipe das trevas, como é intitulado, é o genuíno representante do Maligno e de todas as suas formas e teores. O filme que retrata a saga foi regravado várias vezes, em décadas diferentes, apresentando versões diversas, que sempre mantinham a ideia precípua do vampiro forte, sanguinário e (quase) imortal na busca do amor de uma mulher. Embora os atrativos fossem grandes e sedutores para a consciência humana, em todas as versões, este fascínio foi-se desgastando ao longo dos anos, fazendo o filme e o tema caírem no desagrado e esquecimento popular. Mas o Maligno, figura oculta e aparentemente esquecida pela sociedade contemporânea – sociedade consumista e pervertida – foi reativada e renovada na saga Crepúsculo.
A saga Crepúsculo é uma nova série de filmes de terror, que conta com modernos efeitos especiais de Hollywood, na qual reconta a narrativa de Drácula, história de terror tão desgastada, de uma maneira revigorada e muito atrativa. Para fascinar e cativar todas as idades e gostos, a equipe de filmagem trabalhou no requinte e refino do layout do tema. No lugar do original vampiro adulto, de feições cadavéricas, roupas escuras, aparência tenebrosa e sedento por sangue, surgiu um vampiro politicamente correto, “vegetariano”, que se alimenta de sangue animal e não sangue humano, que é jovem, sedutor, com aparência e atitude joviais, que se veste e se comporta como os jovens se vestem e se portam atualmente, cuja consciência é marcada pela busca de um grande e irresistível amor que irá encontrar, não através de um rastro de sangue de gente inocente e desconhecida, mas na vivência pacífica de um colégio de uma cidade provinciana. O amor do vampiro (representante do Maligno) é demonstrado de forma singela, cheio de ternura e paixão, sem violência severa, para cativar desde jovens e crianças desavisados até adultos envolvidos pelo caos diário, que não percebem no entretenimento que buscam para aliviar o estresse, uma fonte de maldade, de malignidade, de descaminho. O vampiro jovem e seus familiares coadjuvantes demonstram ser pessoas de “boa índole”, que “não cultuam” o mal e nem agem em prol dele, que a jovem inocente que descobriu seu grande amor na figura do vampiro jovem, deve aderir a sua causa, ou seja, entregar-se à morte em favor de um imenso e intenso amor, que se tornará eterno, caso ela se sujeite ao sacrifício de tornar-se uma morta-viva, uma chupadora de sangue, seja ele humano ou animal. O filme Lua Nova não foge muito do padrão, da ideia-força da saga, apresentando algumas variações na história e maior aparato em efeitos especiais, a fim de cativar mais profundamente o público ingênuo, inocente e pouquíssimo informado.
Não sou crente, fanático e nem estou tentando converter ninguém.
Essa nova “estampa ou roupagem” do mal foi elaborada por uma jovem escritora norte-americana, de nome Stephenie Meyer, e executada por alguns dos soldados do Maligno que fazem Hollywood prosperar. O maligno precisa se renovar, recrutar e adquirir novos adeptos à sua causa. Sua concepção é fazer com que a maioria ou totalidade da raça humana acredite que o bom é mal, e que ele (maligno) que é mal, seja na “realidade”, bom, muito bom. E essa crença, veneração, só se configura na consciência humana se a roupagem do mal for bela, encantadora, atrativa, capciosa, envolta em fantasia, amor, paixão desenfreada, como é em toda a saga Crepúsculo. E na nova roupagem não figura apenas o vampiro e sua corja de assassinos chupadores de sangue, mas lobisomens (representantes do mal que deixaram a causa, tornando-se o lado “bom” da saga) que são seus opositores, que defendem a espécie humana. É o caos.
É com tristeza que vejo adultos, jovens e até crianças se empolgarem, se fascinarem com esta saga que serve de power-point do Maligno em sua expansão pelo mundo, levando-o a degradação, ao próprio extermínio. Como coibir algo que se espalhou, como uma epidemia? Resta-nos reacender, no interior de nossos corações, no interior de nossos lares, os valores ensinados por aquele que apresentou o Caminho. Jesus Cristo não foi visto como herói, quando devia assim ser reconhecido. Ele foi correto, fiel, leal, digno, acolheu e valorizou os pobres, incluiu menosprezados, realizou milagres, curou enfermos, endemoniados, caminhou sobre as águas do mar, multiplicou pães e peixes, dando-os aqueles que tinham fome. Foi o herói que morreu e nunca mais foi cultuado como realmente deveria ser. Nossos jovens e crianças, que serão a geração de amanhã, devem conhecer os valores do Senhor da História, que é Jesus Cristo, e de seus apóstolos. Devem optar, livremente, pelo caminho dele que é o verdadeiro e correto caminho a seguir. Pornografia, prostituição, depravação, delinquência, corrupção, violência e tantos outros males são atrativos que só levarão o homem e a sociedade ao colapso, à ruína. Se desejamos uma sociedade justa e igualitária devemos resgatar os valores que foram abandonados e que tornavam o homem digno perante o seu semelhante. Tente, por mais que pareça impossível, fazer com que aqueles que pertencem a sua família descubram e pratiquem o real significado da serenidade, da harmonia, da mansidão, do perdão, da dignidade, do sexo seguro, do amor verdadeiro e isento de inveja, ciúme e traição. Parece difícil, mas a mudança deve começar por você. A reação daqueles que convivem contigo, de imediato, será intensa e oposta, mas não desanime. Sua atitude e perseverança reverterão a situação, aos poucos. Você verá que tudo mudará ao seu redor, para melhor. Acredite.
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