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"A literatura insinua e coloca questões muito mais do que as responde ou resolve."

-------------------Milton Hatoum, escritor brasileiro



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segunda-feira, 19 de julho de 2010

O CASO BRUNO E O CASO MÉRCIA

A violência aumenta e se diversifica. É o que vemos nos jornais televisivos e lemos nos periódicos. Anteriormente foi o caso Isabela Nardoni, marcado por imensa brutalidade, agora, quase simultaneamente ocorrem os casos Bruno e Mércia. O ponto crucial de todos foi a violência contra a mulher. Matar por ciúme? Matar por não desejar assumir a paternidade de uma criança? O homem, a cada evolução, regride em sua conduta. Animaliza-se. Parece que o universo masculino perdeu o discernimento, esqueceu a empatia por seu semelhante, ou pior, deixou-se levar pelo ódio, pelo ressentimento desperto pelas emoções que o dominam momentaneamente. Por não existir dom maior que a vida, não há o que justifique matar um ser humano ou atentar contra sua integridade física. Mas a culpa deve ser focada unicamente no homem, no macho? Acho que não.

A serpente (fêmea) seduziu Eva, que por sua vez seduziu Adão a cometer o pecado de comer o fruto proibido. Talvez a fonte de todos os erros comece aí. A mulher ao longo do tempo, em todos os tecidos da sociedade, foi buscando, mesmo que de forma discreta, ascender ao patamar masculino. Um grande avanço foi a comercialização da pílula anticoncepcional por volta de 1960. Por inibir a fertilização e promover o planejamento familiar, a pílula foi criticada por diversos setores, pois sua instituição permitiu às mulheres mudanças de comportamento sexual, dando-lhes autoconfiança e maior liberdade, fato que alterou o quadro social e o processo natural de reprodução. A mulher passou a relacionar-se com o homem que desejava sem temer o risco de engravidar. Simultaneamente, permitiu uma maior flexibilização dos valores morais e o ingresso da mulher no mercado de trabalho. Mas a consciência feminina não previa e nem imaginava que essa ampla e redentora liberdade acabasse por distorcer-se tão severamente ao longo dos tempos, levando gerações a despojar-se de valores imprescindíveis ao caráter e a própria valorização da mulher. A imoralidade e a prostituição que se restringiam a uma parcela de mulheres da sociedade, devido à condição econômica em que estavam inseridas, mesclaram-se aos padrões de conduta e decência então vigentes, descaracterizando-se. Em consequência, inúmeras mulheres passaram a adotar uma conduta lasciva e luxuriante sem se a perceber disso. Perderam o senso de preservação, de caráter, deixando de discernir aquilo que era correto, respeitável, daquilo que lhes comprometia a moralidade, a dignidade. Este processo se propagou de geração em geração e a sociedade não tem mais como corrigir essa terrível falha comportamental. Não afirmo que as mulheres envolvidas nas fatalidades em tela pertençam ao referido segmento feminino, entretanto, é visível que não souberam escolher seus consortes em função dos homens com os quais se envolveram.

Em contrapartida, diante desta postura feminina, o homem passou a ver a mulher não como companheira, não como alguém com quem pode compartilhar sua felicidade e anseios, mas como um ser (frágil) que se equiparava a ele, em atributos e capacidades. A mulher passou a ser encarada como um igual, que alçou posições tipicamente pertencentes a esfera masculina. Em face da premissa, o homem passou a não conter suas emoções, permitindo que a violência tomasse conta das relações amorosas que contrai. A mulher tornou-se vítima desta violência, bem como seus filhos.

A advogada Mércia Nakashima, 28 anos de idade, desapareceu em 23 de maio e foi encontrada morta no dia 11 de junho em uma represa em Nazaré Paulista, interior de São Paulo. Exames comprovaram que ela levou um tiro no rosto antes de morrer. A polícia ainda investiga se Mércia foi mantida em cativeiro antes de ser assassinada. O ex-namorado Mizael Bispo de Souza, um homem ciumento com o qual ela manteve relacionamento por quatro anos estava foragido, pois é o principal suspeito de articular e executar a morte da advogada, mas com a suspensão de sua prisão preventiva, ele reapareceu e está para ser ouvido novamente pelo delegado responsável.

A ex-modelo Eliza Samudio, 25 anos de idade, teve um envolvimento amoroso com o goleiro Bruno Fernandes das Dores de Souza, em maio do ano passado. Possivelmente deste relacionamento nasceu uma criança para qual ela solicitava um teste de DNA ao goleiro para verificar a paternidade da criança. Segundo as investigações da polícia, ele e mais sete pessoas estão envolvidos no sequestro, cárcere privado e assassinato de Eliza, que continua desaparecida até o presente momento.

Ambas foram atraídas por seus amantes a lugares adequados a execução de suas mortes. Traídas por aqueles que deveriam zelar por suas vidas, em qualquer contexto social ou amoroso em que estivessem. Os algozes pensavam que poderiam cometer tais atrocidades e permanecer impunes, mas a justiça humana, mesmo que falha algumas vezes, acaba por ser guiada pela justiça divina e somente aquele que nos concede a vida pode retirá-la. Devemos nos compadecer da dor que as famílias estão vivenciando no momento e concentrar nossos anseios para que os responsáveis sejam presos e punidos no rigor da lei.

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